A presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, vence eleição com 98% dos votos após protestos mortais. Oposição alega 700 mortes, ONU confirma pelo menos 10. Condenação internacional cresce enquanto exército mantém toque de recolher e restrições à internet.
Presidente da Tanzânia conquista vitória esmagadora em eleição controversa
A presidente Samia Suluhu Hassan foi declarada vencedora das eleições presidenciais na Tanzânia com impressionantes 98% dos votos, de acordo com a comissão eleitoral do país. A vitória ocorre em meio a protestos violentos que causaram dezenas de mortes e provocaram condenação internacional.
Protestos mortais e resposta militar
As eleições, realizadas na quarta-feira, foram marcadas por violência generalizada quando manifestantes foram às ruas para protestar contra a exclusão dos dois principais adversários de Hassan da disputa. 'Estamos testemunhando um colapso completo dos processos democráticos na Tanzânia,' disse um porta-voz do partido de oposição Chadema, que afirma que 700 pessoas morreram nos distúrbios.
As forças de segurança responderam com munição real e gás lacrimogêneo, resultando em confrontos com múltiplas vítimas. O escritório de direitos humanos das Nações Unidas relatou pelo menos dez mortes confirmadas em cidades incluindo Dar es Salaam, Shinyanga e Morogoro. 'O uso de força excessiva contra manifestantes pacíficos é profundamente preocupante,' declarou o secretário-geral da ONU António Guterres em comunicado oficial.
Reação internacional e alertas de viagem
A Holanda ajustou seu conselho de viagem para a Tanzânia e pede aos cidadãos holandeses que permaneçam em ambientes fechados e evitem viagens não essenciais. A embaixada holandesa em Dar es Salaam permanece temporariamente fechada devido a preocupações de segurança. Alertas semelhantes foram emitidos por outros países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, que mantêm um alerta de Nível 3 'Reconsidere a Viagem' para o país.
O Parlamento Europeu condenou as eleições como 'nem livres nem justas' em declaração conjunta, enquanto a Anistia Internacional já havia alertado sobre um padrão de desaparecimentos forçados e prisões arbitrárias no período anterior à votação.
Contexto político e histórico
Hassan, que se tornou a primeira presidente mulher da Tanzânia em 2021 após a morte de seu predecessor John Magufuli, inicialmente parecia adotar uma abordagem mais conciliadora do que seu antecessor autoritário. No entanto, nos últimos anos, houve repressão crescente contra oponentes políticos e ativistas.
Os dois principais candidatos da oposição—Tundu Lissu do Chadema e Luhaga Mpina do ACT-Wazalendo—foram ambos excluídos da participação. Lissu permanece preso por traição relacionada aos seus apelos por reforma eleitoral, enquanto Mpina foi desqualificado por questões técnicas.
De acordo com reportagem da CNN, o governo descartou as alegações da oposição sobre o número de mortos como 'enormemente exageradas' e nega acusações de uso excessivo de força pelas forças de segurança.
Medidas de segurança atuais
Autoridades impuseram toque de recolher nacional e restringiram o acesso à internet em todo o país. O exército foi mobilizado para manter a ordem, com postos de controle em grandes cidades e relatos de buscas casa a casa por apoiadores da oposição.
Hassan deve ser empossada para um novo mandato de cinco anos ainda hoje, estendendo a dominação de décadas do partido governante CCM no poder na nação da África Oriental de 68 milhões de pessoas.
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