Ondas de Calor Marinhas Devastam Pesca, Levam a Planos de Auxílio e Recuperação

Ondas de calor marinhas estão causando graves declínios nos estoques pesqueiros, levando governos a implementar programas de auxílio econômico e financiamento para recuperação. Relatórios da ONU mostram que 35% dos estoques pesqueiros globais são explorados de forma insustentável.

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Ondas de Calor Marinhas Desencadeiam Crise Pesqueira

Enquanto as temperaturas dos oceanos continuam a bater recordes, as ondas de calor marinhas criam uma tempestade perfeita para a pesca global. A onda de calor marinha do Nordeste do Pacífico de 2014-2016, a mais longa já registrada, oferece um exemplo desolador do que está por vir. Com temperaturas 2-6°C acima das médias históricas, este evento causou mortalidade em massa, colapso de ecossistemas e migrações generalizadas de espécies, levando a perdas econômicas de centenas de milhões de dólares devido ao fechamento de pescarias.

Declínios de Estoque e Impacto Econômico

Um estudo inovador publicado na Science Advances revela que até 2050, mais da metade dos estoques de peixes transfronteiriços do mundo se deslocarão através de fronteiras marítimas, com a maioria indo para o alto mar, onde a gestão pesqueira é menos eficaz. 'Esta redistribuição tem sérias implicações para países tropicais, particularmente pequenos estados insulares em desenvolvimento no Pacífico,' explica a Dra. Maria Chen, ecologista marinha da Universidade de Victoria. 'Esses países contribuíram pouco para as mudanças climáticas, mas arriscam perder recursos pesqueiros vitais quando os estoques desaparecem de suas águas.'

O último relatório da ONU da Terceira Conferência dos Oceanos da ONU em Nice revela que 35% dos estoques pesqueiros globais são explorados de forma insustentável, com diferenças regionais marcantes. Enquanto mais de 90% dos estoques são explorados de forma sustentável ao longo das costas do Pacífico dos EUA e Canadá, 65% são insustentáveis no Mediterrâneo e no Mar Negro. 'Com 600 milhões de pessoas dependentes da pesca para seu sustento, essas descobertas sublinham a necessidade urgente de uma gestão oceânica sustentável,' afirma o especialista em pesca da ONU, James Wilson.

Programas de Auxílio Econômico Emergem

Em resposta à crise crescente, governos e organizações estão lançando financiamento substancial de auxílio e recuperação. A NOAA Fisheries atualmente oferece 59 oportunidades de financiamento, incluindo financiamento significativo da Lei Bipartidária de Infraestrutura: US$ 20 milhões para restauração costeira para comunidades indígenas e subatendidas, US$ 100 milhões para restauração transformadora de habitats e até US$ 75 milhões para a remoção de barreiras à migração de peixes.

A National Fish and Wildlife Foundation (NFWF) divulgou sua Solicitação de Propostas para o Fundo Nacional de Resiliência Costeira de 2025, focada em soluções baseadas na natureza que protegem comunidades costeiras enquanto melhoram habitats de peixes e animais selvagens. 'Nosso programa financia projetos que variam de US$ 100.000 a US$ 10 milhões, sem limite máximo para implementação de restauração,' diz a diretora de programas da NFWF, Sarah Johnson. 'Vemos interesse particular em projetos que abordam o impacto das ondas de calor marinhas por meio da restauração de habitats e adaptação climática.'

Financiamento de Recuperação e Perspectiva Futura

Massachusetts implementou vários programas de auxílio, incluindo o Massachusetts Fisheries Innovation Fund (inscrições até 29 de agosto de 2025) e o On-Demand Gear Research Program. Essas iniciativas visam ajudar as pescarias a se adaptarem às condições em mudança, mantendo-se economicamente viáveis.

Pesquisa publicada na Nature Communications Earth & Environment investigou o impacto das ondas de calor marinhas na pesca artesanal em Baja California, México, e descobriu que durante o regime de onda de calor marinha mais intenso já registrado, as capturas totais nas pescarias de lagosta, ouriço-do-mar e pepino-do-mar caíram 15-58%. A maioria das operações (56%) experimentou grandes reduções na captura.

'Modelos climáticos preveem um aumento na frequência e intensidade das ondas de calor marinhas para todas as pescarias, com mudanças maiores esperadas nas regiões do norte,' alerta o Dr. Carlos Rodriguez, autor principal do estudo. 'Pescarias artesanais próximas a zonas de transição biogeográfica são particularmente vulneráveis a choques ambientais extremos.'

O Caminho a Seguir

Embora os desafios sejam significativos, há sinais de esperança. O relatório da ONU observa que 77% do peixe consumido globalmente ainda vem de fontes sustentáveis, e os estoques de atum tiveram uma recuperação notável, com 87% agora sendo explorados de forma sustentável. 'A gestão baseada na ciência funciona, mas requer investimento, particularmente em regiões como o noroeste da África, onde mais da metade dos estoques está sobre-explorada,' enfatiza Wilson.

À medida que as ondas de calor marinhas se tornam mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, a combinação de programas diretos de auxílio, financiamento de recuperação de longo prazo e gestão pesqueira adaptativa será crucial para proteger tanto os ecossistemas marinhos quanto as comunidades que deles dependem.

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