Relatório da ONU mostra que os planos climáticos permanecem inadequados 10 anos após o Acordo de Paris, com a maioria dos países perdendo prazos e trajetórias atuais muito abaixo da meta de 1,5°C.
Esforços Climáticos Globais Continuam Aquém das Metas de Paris
Dez anos após o histórico Acordo de Paris, os planos de ação climática do mundo permanecem perigosamente inadequados para atingir os objetivos do tratado, revela uma nova análise da ONU divulgada semanas antes da crucial cúpula climática COP30 no Brasil. O relatório de síntese da UNFCCC mostra que, embora as emissões devam diminuir, o ritmo fica muito aquém do necessário para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Visão Incompleta Devido a Submissões Ausentes
A descoberta mais preocupante do relatório é que a grande maioria dos países não apresentou seus planos climáticos atualizados a tempo, tornando uma avaliação completa impossível. Apenas 15 dos 194 países signatários cumpriram o prazo de fevereiro de 2025 para apresentar novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). "O fato de que a maioria dos países não apresentou suas ambições climáticas oficiais a tempo é um sinal preocupante," observa o relatório, destacando a falta de urgência entre os líderes mundiais.
Sinais Mistos dos Grandes Emissores
A União Europeia, apesar de sua posição como líder climática, perdeu completamente o prazo de submissão. O bloco indicou posteriormente que visa reduzir as emissões em 66,3-72,5% até 2035 em comparação com os níveis de 1990, mas a resposta atrasada levanta questões sobre a implementação. A China, maior emissora do mundo, expressou intenções, mas não apresentou um plano formal, enquanto os Estados Unidos, sob o presidente Biden, apresentaram metas ambiciosas que seu sucessor Trump jurou abandonar.
"O que vemos é que houve pouco aperfeiçoamento," diz o cientista climático Detlef van Vuuren da Universidade de Utrecht e do Escritório de Análise de Políticas Ambientais. "Isso confirma que ainda não estamos fazendo o suficiente e, infelizmente, a situação está um pouco pior do que no ano passado. E isso no ano em que realmente queríamos dar passos significativos."
Otimismo Cauteloso do Chefe Climático da ONU
Apesar das descobertas sombrias, o chefe climático da ONU, Simon Stiell, mantém algum otimismo. "Dez anos após a adoção do Acordo de Paris, podemos dizer que resultados reais estão sendo alcançados," concluiu ele. "Mas precisa acontecer mais rápido e de forma mais justa, e essa aceleração precisa acontecer agora." Ele espera que essa aceleração comece na cúpula climática no Brasil e continue nos anos seguintes.
Alerta da Sociedade Civil
Especialistas climáticos de organizações da sociedade civil expressam profunda preocupação com as descobertas. "Dez anos após o Acordo Climático de Paris, vemos uma falha coletiva de nossos líderes mundiais em conter a crise climática com consequências fatais para pessoas em todo o mundo," diz a especialista em clima Hilde Stroot da Oxfam Novib. "A União Europeia está entre os maiores emissores históricos de gases de efeito estufa, junto com os Estados Unidos, no entanto, os ministros do clima da UE estão há meses discutindo sobre o plano climático da UE e ainda não apresentaram nada."
Caminho para a COP30 no Brasil
A próxima cúpula climática em Belém, Brasil, programada para começar em novembro de 2025, está sendo chamada de "COP de Implementação" e representa um teste crucial para a cooperação climática global. De acordo com relatórios da ONU, a conferência visa mobilizar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático e acelerar a transição de promessas climáticas para implementação prática.
Van Vuuren teme que o cenário político atual torne o sucesso mais difícil. "Especificamente, a posição dos EUA leva a termos agora menos redução de emissões do que olhávamos no ano passado. E o que temos, países que formularam ambições, tudo isso poderia ser um pouco mais," ele continua. "Na verdade, há muita resistência este ano. Isso também fica claro nesta análise."
O relatório prevê que os planos atuais alcançariam apenas uma redução de emissões de 17% até 2035 em comparação com os níveis de 2019, enquanto cálculos alternativos com as intenções declaradas dos países mostram apenas 10% de redução - ambos os números ficam dramaticamente abaixo da redução de aproximadamente 50% necessária para permanecer dentro dos limites de aquecimento de 1,5°C.
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