Marrocos celebra Marcha Verde com avanço diplomático na ONU

Marrocos celebra 50º aniversário da Marcha Verde enquanto Conselho de Segurança da ONU adota resolução que reconhece plano de autonomia marroquino para Saara Ocidental, significando mudança diplomática de referendo para compromisso.

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Marcha Verde Histórica Comemorada no Saara Ocidental

O Marrocos celebrou o 50º aniversário da histórica Marcha Verde com entusiasmo sem precedentes em Laayoune, capital do Saara Ocidental. As ruas estavam lotadas com pessoas vestindo suas melhores roupas tradicionais, marcando um momento importante no conflito territorial de décadas. 'Esta celebração representa nosso compromisso com nossa integridade territorial,' disse a moradora local Fatima Benali, 'e os desenvolvimentos recentes da ONU nos dão esperança de paz duradoura.'

A Marcha Verde de 1975 e seu legado

Cinquenta anos atrás, aproximadamente 350.000 marroquinos entraram na área internacionalmente conhecida como Saara Ocidental, com o objetivo de acabar com a ocupação colonial espanhola. O evento, organizado pelo então rei Hassan II, visava libertar a população saaraui e reivindicar território que o Marrocos considera historicamente parte de seu reino. No entanto, nem todos os saarauis viram isso como libertação. A Frente Polisario, um movimento de libertação que busca independência, viu o Marrocos simplesmente como substituto da Espanha como potência ocupante, levando a um conflito que persiste até hoje.

Avanço no Conselho de Segurança da ONU

As celebrações do aniversário ganharam significado adicional após uma grande vitória diplomática para o Marrocos no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Em 31 de outubro de 2025, o Conselho de Segurança adotou Resolução 2797, que pela primeira vez reconheceu explicitamente o plano de autonomia marroquino de 2007 como base para negociações. A resolução foi aprovada com 11 votos a favor, nenhum contra e três abstenções da China, Paquistão e Rússia.

'Isso representa uma mudança fundamental na abordagem internacional do conflito no Saara Ocidental,' explicou o analista geopolítico Adlène Mohammedi. 'Após décadas de foco em um referendo para autodeterminação, a ONU agora prioriza uma solução orientada para o compromisso.'

Oportunidades econômicas e perspectivas locais

Jovens empreendedores em Laayoune veem os desenvolvimentos diplomáticos como criadores de novas oportunidades econômicas. Mohammed El Moutaouakil, um empreendedor saaraui de 28 anos, disse aos repórteres: 'Desde o reconhecimento pelos EUA e França, vimos um aumento na presença empresarial e projetos de investimento desses países. Isso cria empregos e desenvolvimento para nossa região.'

Seu sócio comercial, Saadani Al Ansari, acrescentou: 'Vejo um grande futuro para cidades como Laayoune e Dakhla. Agora há continuidade para empresas estrangeiras e marroquinas, o que criará mais empregos na região.'

Desafios contínuos e situação dos refugiados

Apesar da perspectiva otimista, desafios significativos permanecem. Cerca de 170.000 refugiados saarauis continuam vivendo em campos perto de Tindouf, Argélia, muitos deles descendentes daqueles que fugiram do conflito nos anos 70. Protestos recentes nesses campos demonstraram forte oposição à nova abordagem da ONU.

A Frente Polisario condenou a resolução do Conselho de Segurança como 'um desvio perigoso do direito internacional' e organizou manifestações massivas nos campos de refugiados. Manifestantes rejeitaram a ideia de fazer parte de uma região autônoma dentro do Marrocos e, em vez disso, pediram autodeterminação e independência.

Apoio internacional e implicações regionais

A mudança diplomática segue anos de esforços marroquinos para obter apoio internacional para seu plano de autonomia. Desde 2020, quando o então presidente americano Donald Trump reconheceu a soberania marroquina sobre o Saara Ocidental, vários países importantes, incluindo Espanha, Reino Unido e França, expressaram apoio à proposta de autonomia.

A resolução também pede o envolvimento formal da Argélia no processo político, marcando um desenvolvimento importante na diplomacia regional. O rei Mohammed VI estendeu um ramo de oliveira à Argélia, enfatizando que a prosperidade regional depende da superação de antigas queixas.

Enquanto as celebrações em Laayoune continuam, a comunidade internacional observa atentamente como este avanço diplomático se traduzirá em paz duradoura e desenvolvimento para o povo do Saara Ocidental.

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