Sanções dos EUA contra propriedade russa da NIS interrompem postos de combustível sérvios: pagamentos com cartão bloqueados e fornecimento de petróleo parado. Presidente Vucic enfrenta escolhas difíceis entre nacionalização e relações com Moscou.

Sanções interrompem fornecimento de petróleo da Sérvia
As sanções americanas contra empresas russas causaram problemas diretos nos postos de combustível sérvios, com sistemas de pagamento falhando e fornecimento de petróleo sendo interrompido. As sanções contra a Naftna Industrija Srbije (NIS), a maior empresa de petróleo da Sérvia, entraram em vigor em 9 de outubro de 2025 após meses de atrasos e esforços diplomáticos de Belgrado para obter isenções.
Problemas de pagamento nos postos
Motoristas sérvios enfrentaram problemas de pagamento inesperados ao abastecer nos postos da NIS. 'Muitas pessoas que abasteceram seus carros esta manhã ficaram surpresas quando seus cartões bancários não funcionaram no caixa,' relatou Thijs Kettenis, correspondente da NOS para o Sudeste Europeu. As máquinas de pagamento nos postos da NIS agora recusam cartões Mastercard, Visa e American Express porque essas empresas americanas não podem mais fazer negócios com a empresa sérvia sancionada. Os clientes só podem pagar com o sistema de pagamento doméstico sérvio ou em dinheiro.
As sanções ameaçavam a NIS desde janeiro de 2025, mas a empresa havia recebido várias prorrogações para buscar soluções. Segundo a Al Jazeera, a NIS confirmou que não recebeu nova extensão do Departamento do Tesouro dos EUA e agora trabalha para remoção da lista de sanções.
Propriedade russa no centro
O cerne do problema está na estrutura de propriedade da NIS. A empresa estatal foi privatizada em 2008, com mais da metade passando para mãos russas. Dados da Wikipedia mostram que a Gazprom Neft atualmente possui direta e indiretamente 50% das ações da NIS, enquanto o governo sérvio mantém cerca de 30%. Esta maioria de propriedade russa ativou as sanções americanas sob a política dos EUA que visa entidades russas.
O presidente Aleksandar Vucic tentou por meses recomprar ações da Gazprom para reduzir a propriedade russa abaixo de 50%, o que teria levantado as sanções. No entanto, a Gazprom se recusou a vender. A única opção restante seria a nacionalização - essencialmente expropriação dos proprietários russos - mas Vucic repetidamente rejeitou essa abordagem. 'A nacionalização pode ser a única saída, mas é a última coisa que farei,' repetiu Vucic hoje.
Interesses econômicos para a Sérvia
A situação tem sérias consequências econômicas para a Sérvia. A NIS representa uma das maiores e mais lucrativas empresas do país e serve como pilar crucial tanto da economia quanto das finanças estatais. A empresa opera a única refinaria de petróleo da Sérvia, nos arredores da capital Belgrado, e administra cerca de 330 postos de combustível - de longe a maioria no país.
A Euronews relata que a NIS emprega mais de 5.000 pessoas e contribui com 11,9% para o orçamento estatal sérvio e 6,9% para o PIB. As receitas da empresa cobrem 12% do orçamento nacional sérvio, tornando sua saúde financeira crucial para a estabilidade econômica do país.
Interrupções na cadeia de suprimentos
As sanções já levaram a problemas na cadeia de suprimentos. A Croácia interrompeu o fornecimento de petróleo através do único oleoduto que abastece a NIS, citando as mesmas objeções de sanções. A NIS também opera postos de combustível no vizinho Bósnia e Herzegovina, onde os clientes agora só podem pagar em dinheiro.
Embora a NIS garanta que pode continuar operando por algum tempo com os estoques atuais, escassez e aumentos de preços parecem inevitáveis a longo prazo se nada mudar. Vucic declarou que a refinaria pode permanecer aberta até pelo menos 1º de novembro, mas expressou preocupação com possíveis perdas de empregos. 'Espero que a NIS não demita grandes números de pessoas,' disse ele. A importação em larga escala de gasolina como alternativa seria cara e falta a infraestrutura necessária.
Atuação geopolítica delicada
As sanções colocam o presidente Vucic em uma posição geopolítica difícil. Embora ele tenha a chave para resolver a situação através da nacionalização, isso certamente levaria a grandes conflitos com Moscou - algo que Vucic quer evitar a todo custo. A Sérvia está atualmente negociando com a Rússia sobre entregas de gás barato - algo que provavelmente terminaria se Vucic tirasse a NIS das mãos russas.
Além disso, o conflito com a Rússia significaria o fim do delicado ato de equilíbrio geopolítico de Vucic. Ele tenta manter bons laços com a União Europeia, com quem a Sérvia negocia a adesão, enquanto mantém relações amigáveis com o presidente russo Vladimir Putin. Portanto, a Sérvia não participa das sanções ocidentais contra a Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022.
Esta postura é irritante para Bruxelas, mas a UE até agora evitou exercer muita pressão sobre Vucic, com medo de empurrá-lo diretamente para os braços de Putin. Portanto, a pressão sob a qual Vucic agora se encontra devido aos problemas na NIS não é desfavorável para a UE.
Vucic não perdeu a esperança de que a Gazprom venda voluntariamente parte de suas ações. 'Vamos conversar com os russos, porque com os americanos não há mais nada a discutir,' declarou ele, indicando sua preferência contínua por soluções diplomáticas em vez de medidas confrontacionais.