
A Contínua Dependência Energética da Europa em Relação à Rússia
A União Europeia continua a enfrentar uma dependência energética significativa da Rússia, apesar das extensas sanções e esforços de diversificação desde a invasão da Ucrânia em 2022. De acordo com dados recentes do Eurostat, a UE importou gás natural liquefeito (GNL) russo no valor de aproximadamente 4,48 mil milhões de euros no primeiro semestre de 2025, um aumento face aos 3,47 mil milhões de euros no mesmo período do ano anterior.
Política de Gasodutos e Vulnerabilidades Estratégicas
O gasoduto Druzhba, uma das maiores redes de gasodutos do mundo que se estende por 4.000 quilómetros da Rússia para vários países europeus, continua a ser uma infraestrutura crucial para vários Estados-membros da UE. Ataques ucranianos recentes a estações de bombeamento em agosto de 2025 interromperam temporariamente as operações, destacando a vulnerabilidade desta rota de abastecimento.
Hungria e Eslováquia: As Exceções
A Hungria e a Eslováquia mantêm-se fortemente dependentes das importações de petróleo russo, após terem obtido isenções do embargo da UE. O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, defendeu recentemente esta dependência, afirmando: "O fornecimento de energia não é uma questão política ou ideológica, é necessário o gasoduto e o petróleo nele". Ambos os países continuam relutantes em mudar para rotas alternativas, como o gasoduto do Adriático, apesar das garantias croatas de capacidade suficiente.
Importações Francesas de GNL Aumentam Significativamente
França, Espanha e Bélgica foram responsáveis por 85% das importações europeias de GNL russo em 2024, com a França e a Holanda a aumentarem as suas importações de GNL russo em 81% face a 2023, de acordo com o Institute for Energy Economics and Financial Analysis.
Plano de Eliminação Progressiva da UE
A Comissão Europeia propôs um plano abrangente para eliminar progressivamente todas as importações de gás e petróleo russos até 2028. O plano inclui a proibição de novos contratos a partir de 1 de janeiro de 2026, o término de contratos de curto prazo até 17 de junho de 2026 e a proibição de contratos de longo prazo a partir de 1 de janeiro de 2028. Estas medidas requerem a aprovação do Parlamento Europeu e de pelo menos 15 dos 27 Estados-membros da UE que representem 65% da população do bloco.
Progressos e Desafios
Foi feito progresso significativo na redução da dependência. A quota de importações de petróleo da Rússia caiu de 29% no primeiro trimestre de 2021 para apenas 2% no segundo trimestre de 2025. Países como a República Checa terminaram com sucesso as importações de petróleo russo desde abril de 2025 através de projetos de expansão de gasodutos.
No entanto, a transição enfrenta desafios complexos no equilíbrio entre segurança energética, estabilidade do mercado e consenso político, enquanto continua a diversificar fontes e infraestruturas no continente.