Usina nuclear de Zaporizhzhia há quatro dias sem energia após corte pela Rússia. AIEA alerta para risco nuclear aumentado enquanto Rússia planeja reiniciar reatores.

Maior usina nuclear da Europa em crise sem precedentes
A usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior instalação nuclear da Europa, está há quase quatro dias desconectada da rede elétrica ucraniana e precisa confiar em geradores diesel de emergência. A situação alarmou especialistas internacionais em segurança nuclear e autoridades ucranianas, que alertam para uma possível catástrofe.
A interrupção de energia ocorreu na terça-feira às 16h56, horário local, em território ocupado pela Rússia. De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), este é o período mais longo que o complexo nuclear já operou sem energia externa. 'A falha no fornecimento externo de energia aumenta a probabilidade de um acidente nuclear,' alertou o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi.
Planos russos para reinicialização
A Rússia parece ter planos para reiniciar pelo menos um reator e conectá-lo à rede elétrica russa, apesar dos perigos inerentes de operar uma instalação nuclear em uma zona de guerra ativa. Imagens de satélite analisadas pelo Greenpeace mostram a construção de uma barragem no rio Dnieper para garantir o abastecimento de água, enquanto novas conexões de energia estão sendo instaladas através de território ocupado.
O diretor nomeado pela Rússia para a usina, Yuri Chernichuk, declarou na semana passada que a conexão com a rede russa estava em sua 'fase final'. Este desenvolvimento ocorre enquanto a usina sofreu nove interrupções de energia anteriores devido a danos nas linhas de transmissão causados por ataques russos em território controlado pela Ucrânia.
Preocupações humanitárias e de segurança
A usina, que caiu sob controle russo em março de 2022, logo após o início da invasão, é o local de supostas violações de direitos humanos. Um relatório recente do grupo de investigação ucraniano Truth Hounds documenta ameaças, tortura e maus-tratos de funcionários da usina que foram forçados a assinar contratos com a empresa nuclear russa Rosatom.
Atualmente, sete dos dezoito geradores diesel disponíveis são necessários para manter o resfriamento dos seis reatores. Se esses geradores falharem, o combustível nuclear pode superaquecer de forma incontrolável por semanas, possivelmente levando a um cenário de fusão semelhante ao desastre de Fukushima em 2011.
A AIEA relata que autoridades russas afirmam que há diesel suficiente disponível para alimentar os geradores por 20 dias. No entanto, Daryna Rohatsjoek do Greenpeace Ucrânia alerta: 'Neste momento, a usina nuclear de Zaporizhzhia é uma bomba-relógio, pois as consequências são imprevisíveis.'