
Cânone Cultural Sueco Gera Intensa Polêmica
O governo sueco apresentou seu cânone cultural oficial, uma lista de 100 obras culturais, invenções, leis e empresas consideradas as mais influentes para a identidade nacional. A lista controversa desencadeou debates imediatos em todo o país escandinavo, com críticas sobre exclusão e representatividade.
Regra dos 50 Anos Exclui Ícones Modernos
A exigência de que todas as entradas tenham pelo menos 50 anos de idade excluiu muitos ícones culturais suecos modernos. Mais notavelmente, o fenômeno musical global ABBA, fundado em 1972, perdeu o prazo por apenas três anos. Já o personagem Pippi Meialonga, de Astrid Lindgren, criado em 1945, garantiu seu lugar ao lado de gigantes como a IKEA, o filme clássico "O Sétimo Selo" de Ingmar Bergman e o Instituto Nobel.
Contexto Político e Críticas
O cânone foi desenvolvido por uma equipe liderada pelo historiador Lars Trägårdh, por encomenda do governo sueco. O projeto foi fortemente defendido pelos partidos da coalizão, particularmente pelos Democratas Suecos de direita. Segundo o governo, o cânone deve contribuir para a educação, coesão social e inclusão.
No entanto, as críticas foram generalizadas. A Academia Sueca, que concede o Prêmio Nobel de Literatura, recusou-se a participar, alegando que o projeto "semeia divisão". Marlen Eskander, chefe de uma organização de promoção da leitura e ex-membro do comitê do cânone, classificou a lista como "altamente excludente" e criticou o limite de 50 anos por excluir deliberadamente experiências contemporâneas.
Preocupações com Representação Indígena
A comunidade indígena Sami da Lapônia expressou decepção por não ter sido consultada durante o desenvolvimento do cânone. Um porta-voz Sami destacou sua exclusão completa do processo, levantando preocupações sobre a representação do diversificado patrimônio cultural sueco.
Reações da Mídia e do Público
A mídia sueca questionou o valor prático do cânone. O editor de cultura do jornal Aftonbladet descreveu o resultado como "confuso e difícil de entender" e criticou a omissão de aspectos menos gloriosos da história sueca. Os criadores enfatizam que o cânone deve ser um "monumento vivo" que pode ser expandido ao longo do tempo.
Contexto Internacional
A Suécia junta-se a vários países europeus com cânones culturais oficiais, incluindo a Holanda, que atualizou seu cânone em 2020 com 50 temas e indivíduos que resumem a história holandesa. A versão sueca representa a mais recente tentativa de definir a identidade cultural nacional através de seleção oficial.