Dados de satélite revelam novos focos de desmatamento em cadeias

IA de satélite revela novos focos de desmatamento enquanto regras da UE pressionam empresas a garantir cadeias livres de desmatamento até 2025, com tecnologia permitindo transparência sem precedentes.

Imagens de satélite mostram novos focos de desmatamento antes da fiscalização

Sistemas avançados de monitoramento por satélite estão expondo focos de desmatamento anteriormente despercebidos nas cadeias de suprimentos globais, exatamente quando a pressão regulatória internacional aumenta. Com o Regulamento da UE sobre Desmatamento (EUDR) entrando em vigor plenamente no final de 2025, as empresas estão correndo para rastrear matérias-primas até seus lotes de origem e provar que são livres de desmatamento.

A tecnologia que está revolucionando o monitoramento florestal

Sistemas de IA por satélite estão alcançando precisão sem precedentes na detecção de desmatamento, com algumas plataformas relatando até 95,7% de verificação de fornecimento livre de desmatamento. 'O que vemos é uma revolução tecnológica na transparência da cadeia,' diz a Dra. Elena Rodriguez, especialista em monitoramento florestal do World Resources Institute. 'Imagens de satélite combinadas com aprendizado de máquina agora podem detectar perda florestal quase em tempo real, dando às autoridades de fiscalização e às empresas ferramentas que nunca tiveram antes.'

Plataformas como Global Forest Watch, Starling (desenvolvida pela Airbus e Earthworm Foundation) e EOSDA LandViewer oferecem soluções abrangentes de monitoramento. Esses sistemas integram mapeamento por GPS, imagens de satélite e tecnologia blockchain para criar registros de cadeia verificáveis. De acordo com análises recentes, sistemas baseados em IA podem alcançar 95% de precisão na detecção de interrupções na cadeia e possibilitar 97% de rastreabilidade de matérias-primas.

Focos emergentes e desafios de fiscalização

Os dados mais recentes mostram tendências preocupantes em várias regiões. Na Amazônia, o desmatamento aumentou 92% em maio de 2025 em comparação com 2024, com mais da metade ocorrendo em áreas recentemente queimadas. 'Isso representa um novo padrão perigoso,' observa o analista ambiental brasileiro Carlos Mendes. 'Criminosos exploram a vulnerabilidade causada pelas mudanças climáticas e usam incêndios como um método menos arriscado para desmatamento ilegal.'

Enquanto isso, a Indonésia continua a enfrentar desafios apesar dos avanços anteriores, enquanto novos focos surgem na Bacia do Congo e em partes do Sudeste Asiático. O EUDR exige que as empresas garantam que produtos como carne bovina, couro, madeira, papel, soja, cacau, café, óleo de palma e borracha não provenham de terras desmatadas após 31 de dezembro de 2020.

Resposta corporativa e transformação da cadeia

Grandes empresas estão investindo pesadamente em sistemas de conformidade. O programa de óleo de palma da Unilever, abrangendo 20 milhões de hectares, mostra o que é possível com monitoramento abrangente. 'Vimos empresas reduzirem custos operacionais em 15-30% por meio de otimização de rotas e previsão de demanda possibilitada por esses sistemas,' explica a consultora de cadeias Maria Chen.

Os custos de implementação variam de €200.000 a mais de €10 milhões, com períodos de retorno tipicamente de 18-24 meses. O processo de conformidade de seis etapas inclui mapeamento de cadeias, avaliação de riscos, engajamento de fornecedores, fortalecimento de sistemas internos, verificação de monitoramento e documentação de conformidade.

Pressão internacional e vontade política

A próxima cúpula climática COP30 em Belém, Brasil, adiciona urgência à situação. O Brasil lançou recentemente o Tropical Forest Forever Facility, arrecadando US$ 6,6 bilhões com contribuições da Noruega e Alemanha. 'A vontade política continua sendo o fator mais crítico,' diz o especialista em políticas climáticas Dr. James Wilson. 'Vimos o Brasil reduzir o desmatamento da Amazônia em 84% entre 2004-2012 e a Indonésia alcançar redução de 78% de 2016-2021 quando a liderança política priorizou a proteção florestal.'

No entanto, a fiscalização continua desafiadora. O Parlamento Europeu votou recentemente para adiar a implementação do EUDR até o final de 2026 para grandes empresas e meados de 2027 para operadores menores, criando incerteza para empresas que já haviam investido em sistemas de conformidade.

O caminho a seguir

À medida que a tecnologia de satélite se torna mais avançada e acessível, a pressão sobre as empresas para limpar suas cadeias só aumentará. 'Isso não é mais apenas sobre conformidade,' conclui a diretora de sustentabilidade Lisa Park. 'Consumidores, investidores e reguladores exigem transparência. Empresas que podem demonstrar cadeias livres de desmatamento terão vantagem competitiva no mercado global.'

A integração do monitoramento por satélite com a gestão da cadeia representa uma mudança fundamental em como protegemos as florestas. Com boa fiscalização e responsabilidade corporativa, esses avanços tecnológicos poderiam finalmente reverter a maré contra o desmatamento global.

Sara Johansson

Sara Johansson é uma premiada jornalista sueca conhecida por suas narrativas imersivas e aprofundadas sobre mudanças climáticas e patrimônio cultural. Ela ensina jornalismo narrativo na Universidade de Lund.

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