Operação de Busca Encerrada Após Incêndio Devastador em Hong Kong
As autoridades de Hong Kong encerraram oficialmente a operação de busca após o incêndio catastrófico que destruiu o complexo residencial Wang Fuk Court no final de novembro de 2025. O número de mortos agora é de 159 vítimas, enquanto 31 pessoas ainda estão desaparecidas. O incêndio, considerado um dos mais mortais em edifícios residenciais de Hong Kong em décadas, forçou as equipes de resgate a vasculhar minuciosamente todos os sete edifícios altos afetados.
A enorme operação de busca durou dias devido às condições desafiadoras nos edifícios carbonizados. 'A visibilidade dentro dos edifícios permaneceu extremamente baixa, mesmo dias após o incêndio ter sido extinto,' explicou um porta-voz da polícia. 'Tivemos que trabalhar com extremo cuidado para garantir que não perdêssemos vítimas e, ao mesmo tempo, proteger nossas equipes de resgate.'
Andaimes de Bambu e Falhas de Segurança
Investigadores identificaram várias falhas de segurança que contribuíram para a rápida propagação do incêndio. Os edifícios estavam passando por obras de renovação com andaimes tradicionais de bambu envoltos em redes de construção que não atendiam aos padrões de segurança contra incêndio. Segundo as autoridades, 7 das 20 amostras de rede testadas falharam nos testes de segurança contra incêndio, e as redes foram danificadas durante um tufão em julho e substituídas por material não conforme.
Andaimes de bambu, uma tradição de construção secular em Hong Kong, estão agora sob intenso escrutínio após a tragédia. Enquanto defensores argumentam que andaimes de bambu bem construídos são seguros e culturalmente significativos, críticos apontam para a inflamabilidade e a orientação vertical das hastes de bambu, que permitiram que o fogo se espalhasse rapidamente para cima sem resistência.
'Os andaimes de bambu funcionaram como uma chaminé, direcionando as chamas diretamente para cima,' disse o especialista em segurança contra incêndios Dr. Li Wei em uma entrevista à CNN. 'Combinado com os painéis de poliestireno inflamáveis que cobriam as janelas e as redes de qualidade inferior, isso criou uma tempestade perfeita para um desastre.'
Detenções e Investigação
A investigação policial levou até agora a 21 detenções, sendo os últimos seis detidos funcionários de uma subcontratada responsável pelos sistemas de alarme de incêndio. Essas pessoas são suspeitas de terem informado erroneamente aos bombeiros que os alarmes permaneceriam operacionais durante as obras de renovação, quando na verdade estavam desativados.
Quinze dos detidos estão sendo investigados por homicídio culposo por negligência grave, de acordo com relatórios da CNN. O líder de Hong Kong, John Lee, prometeu que 'a justiça será feita' pelo que chamou de uma 'tragédia sem precedentes'.
Uma comissão independente liderada por um juiz foi estabelecida para investigar a causa e a rápida propagação do incêndio. A comissão examinará o projeto de construção, as medidas de segurança contra incêndio, os protocolos de emergência e a aplicação regulatória.
Vítimas e Impacto na Comunidade
O incêndio afetou aproximadamente 4.600 residentes em quase 2.000 apartamentos espalhados por sete edifícios de 31 andares. Muitas das vítimas eram residentes idosos, com a vítima mais jovem confirmada sendo uma criança de um ano e a mais velha, um residente de 97 anos. A tragédia também tirou a vida de sete trabalhadores migrantes indonésios e uma empregada doméstica filipina.
Mais de 900 residentes estão desalojados, com abrigos temporários montados em centros comunitários e escolas. O governo anunciou pacotes de compensação para as famílias das vítimas e apoio para os residentes desalojados.
'Esta não é apenas uma tragédia para as famílias afetadas, mas para toda Hong Kong,' disse a organizadora comunitária Chan Mei-ling. 'Precisamos fazer perguntas difíceis sobre por que nossos sistemas de segurança falharam de forma tão catastrófica.'
Resposta Nacional e Reformas na Segurança da Construção
Em resposta ao desastre, a China anunciou inspeções nacionais em edifícios altos para identificar riscos de incêndio. O governo de Hong Kong suspendeu 28 projetos da empreiteira Prestige Construction & Engineering Company e anunciou que 50% dos novos projetos de construção pública a partir de março de 2025 exigirão andaimes metálicos em vez de bambu.
O Departamento de Edificações de Hong Kong atualizou recentemente seu Código de Prática para Segurança Contra Incêndio em Edifícios (edição 2024), mas persistem questões sobre fiscalização e conformidade em projetos de renovação.
O debate agora gira em torno de equilibrar métodos de construção tradicionais com requisitos modernos de segurança em uma das cidades mais densamente povoadas do mundo. Enquanto Hong Kong lamenta seus mortos, a cidade enfrenta decisões difíceis sobre a preservação do patrimônio cultural e a garantia da segurança dos residentes em seu parque imobiliário envelhecido.